Quando o Flamengo virou vizinho do Cristo…

No longínquo ano de 1931, quando as calçadas ainda eram asfaltadas com sotaque carioca, o Flamengo finalmente conseguiu seu cantinho no Rio de Janeiro para chamar de lar. Imagina só, eles ganharam um pedaço nobre da Lagoa, sob a benção do Cristo Redentor e decreto do capítulo surreal 3.686 do diário de bordo dos cariocas! Bastou um tempinho – nada como dois anos rapidinhos – e um pagamento que despenteou até o cabelo da estátua do Cristo (497 contos de réis, nada menos!), e em 1933, a bola já rolava no Estádio José Bastos Padilha, o caldeirão para seis mil pulmões rubro-negros.

A Gávea é o tipo de lugar que faria qualquer clube balançar como um pêndulo de relógio atrasado. A sede é tipo aquele resort que a gente vê em filme: salas com tantos troféus que é capaz de alguém encontrar até um prêmio de bingo de 1912. O paraíso rubro-negro se espalha por 73 mil metros quadrados, abarrotados de ginásios, quadras de tênis, piscinas que mais parecem piscinões de ramos e bares (porque futebol e um refresco nunca se negam!). Se der sorte, alguém pode até tropeçar em um craque do basquete ou um mestre no judô rabiscando seu próximo golpe no chão.

E quem disser que o Flamengo não é bem frequentado está por fora! Entrar nesse oásis é mais competitivo que final de campeonato: R$50 para adultos e R$25 para as crianças dominarem o terreno – claro, em horário comercial, porque afinal, a Gávea pode até ser a casa do Flamengo, mas não é pensão para eternidade. Ah, e não se assustem com as caras estranhas se vocês tentarem acampar ali após as 18h… lugar horário de comerciante! Assim é a vida na sede do Flamengo: uma rotina dividida entre passado glorioso e presente majestoso.